quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

SÓ MENINAS


Síndrome de Rett: Por que só as Meninas?A síndrome de Rett é um distúrbio neurológico do desenvolvimento que afeta predominantemente as meninas. Isso ocorre, geralmente, antes que completem o seu primeiro ano de vida. De acordo com a Associação Brasileira de Síndrome de Rett, existem no mundo mais de 2 mil casos identificados deste distúrbio. Muitos pais entram em pânico quando percebem que a filha, que até então estava se desenvolvendo normalmente, física e psicologicamente, de repente perde as habilidades motoras e de linguagem. Mas o que causa a síndrome de Rett? Bem, as causas ainda não são conhecidas, porém, acredita-se que a causa seja de natureza genética. Mesmo assim, graças aos estudos que vem sendo realizados desde a década de 60, quando foi descrita pela primeira vez, pelo dr. Andreas Rett, as manifestações clínicas da doença hoje são conhecidas e tratadas, visando manter a qualidade de vida das famílias e das meninas afetadas. Entre os possíveis mecanismos genéticos causadores do distúrbio estão a herança autossômica dominante com manifestações restritas às fêmeas, uma mutação dominante ligada ao X (sexo feminino), sendo letal aos homens. Além disso, destacam-se as possíveis causas: intra-útero, mutação em dois tempos no cromossoma X (sexo); gene recessivo ligado o X (sexo); e a mutação autossômica associada e um mecanismo de "inativação não ao acaso" de um dos cromossomos X maternos. Desta forma, quando a mãe é portadora sadia do gene Rett, seria poupada devido a inativação cromossômica, carregando o gene da doença e fazendo com que continue ativo nas filhas afetadas. Segundo ao Associação Brasileira de Síndrome de Rett, nenhuma destas hipóteses pode ser definitivamente provada e a cada ano são apresentadas novas possibilidades. Entretanto, do ponto de vista genético, a síndrome ainda desafia os estudiosos, pois não existe um outro exemplo na genética médica de outro distúrbio como este, que atinge exclusivamente as meninas.

Síndrome de RETT



Síndrome de Rett
Anomalia genética que causa desordens de ordem neurológica, acometendo somente em crianças do sexo feminino. Compromete progressivamente as funções motoras, intelectual assim como os distúrbios de comportamento e dependência.
No caso típico, a menina desenvolve de forma aparentemente normal entre 8 a 12 meses de idade, depois começa a mudar o padrão de seu desenvolvimento. Há como que uma parada nos ganhos psicomotores, a criança torna-se isolada e deixa de responder e brincar. O crescimento craniano, até então normal, demonstra clara tendência para o desenvolvimento mais lento, ocorrendo uma microcefalia adquirida. Aos poucos deixa de manipular objetos, surgem movimentos esteriotipados das mãos (contorções, aperto, bater de palmas, levar as mãos à boca, lavar as mãos e esfregá-las) surgindo após, a perda das habilidades manuais.
Critérios para Diagnóstico
- Período pré-natal e posterior ao nascimento considerados normais.
- Desenvolvimento anterior normal, pelo menos nos primeiros 6 meses de vida, antes de iniciar a síndrome, mas contudo, apresenta desvios sutís como hipotonia e discretos atrasos motores, que se dão entre 6 a 24 meses de vida no máximo.
- Perímetro cefálico ao nascer e desaceleração do mesmo entre 5 meses e 4 anos de idade.
- Perda dos movimentos manuais voluntários entre 6 a 30 meses de vida na forma clássica. Admite-se que nas formas frutras da síndrome, passa não haver perda completa de capacidade de usar as mãos de forma útil.
- Perda ou prejuízo severo na linguagem expressiva e receptiva, isolamento social, presença de estagnação inicial e posterior retardo no desenvolvimento psicomotor.
- Pode chegar a andar tarde, observa-se uma marcha com as pernas mais abertas, com maior base de sustentação. Quando sentados e sem apoio, podem apresentar uma espécie de movimentos de balanço.
O diagnóstico é de suposição do segundo ao quinto ano de vida. O diagnóstico e a terapêutica (medicamentosa e de reabilitação) precoces condicionarão um melhor ou pior prognóstico (evolução).
A própria reabilitação é altamente recomendada, mantendo aquisições como a marcha, previnindo contraturas e até certo ponto a escoliose (desvio de coluna no sentido lateral), proporcionando canais de contato e participação, assistência à alimentação (orientação nutricionista) controle de salivação (participação do fonoaudiólogo), etc.
Cerca de 80% das meninas que apresentam a síndrome são diagnosticada, em alguma fase de sua condição como autistas.
É difícil avaliar a idade mental da criança com SR. Estima-se em geral uma idade muito baixa, em torno de 1 ou 2 anos para a maiora das crianças Rett, mesmo em idade escolar. As crianças Rett são deficientes mentais severas.
Quanto à sua estatura, segundo os estudos nutricionais na SR, afirma-se que 50% das meninas Rett são anormalmente magras em relação ao seu grupo etário e estatura, ou seja, peso/altura e peso/idade. As razões por esse emagrecimento, especialmente no 2 º e 3º estágios, com apetite preservados não são absolutamente desconhecidos. Uma suposta explicação seria o seu alto gasto de energia, especialmente nas criança que deambulam, devido as constantes esteriotipias manuais e hipercinesia (tendência de se mover e andar o tempo todo).
Existem formas frustras de SR, quando os desvios do desenvolvimento são inicialmente menos proeminentes, quando não são se observam esteriotipias típicas. Quando há preservação ou manutenção, ainda que parcial, da capacidade manipulatória (uso das mãos), enfim quando o quadro clínico e a evolução são característicos, mas ainda sim, sugestivos para a síndrome em igual idade ou superior a 13 anos.
Já as formas atípicas são menos definidas, mas se caracterizam por manifestações atípicas da síndrome como ausência de um período de estagnação ou um período de deteriorização do desenvolvimento.
Para a melhoria da qualidade de vida e a manutenção da própria sobrevida destas meninas, são os seguintes profissionais e os cuidados envolvidos:
- médicos (diagnóstico clínico diferencial, controle medicamentoso das crises epilética, aportes nutricionais específicos);
- fisioterapeutas (manutenção da deambulação (treinos de marcha), espacidade, contraturas e deformidades articulares, hidroterapia);
- professores especializados da educação especial, terapeutas educacionais (melhora das apraxias manuais (dificuldade na realização dos atos motores mais ou menos complexos e que dependem da vontade do indivíduo), uso de condicionamento, treinamento em AVD, treinamento de esfincteres, recreação;
- Fonoaudiólogos (assistência à alimentação, controle e exercícios preparatórios de linguagem);
- psicólogos (suporte emocional aos pais, criar novos canais de comunicação).
Estágios da Síndrome
1º Estágo
O diagnóstico ainda não pode ser confirmado, mas freüentemente, estas crianças são diagnosticadas, nessa fase, como portadoras de autismo, de paralisia cerebral. O aparecimento das aquisições motoras grosseiras (sentar, ficar em pé, andar) pode ser muito demorado ou apenas levemente atrasado na criança Rett. Nessa fase, pode estar muito irritável e presume-se que algumas sintam dores miogênicas e articulares. A hidroterapia nesta e nas demais fases é altamente recomendada.
2ºEstágio
Característico entre o 2º e 4º ou 5º ano. As características do desenvolvimento motor grosseiro continuam a ser significativamente melhoradas, ao contrário do desenvolvimento motor fino e do desenvolvimento mental que permanecerão estacionários ou regridirão. Algumas crianças estarão começando a desenvolver problemas físicos, tais como escoliose ou contraturas. Perda da função das mãos (apraxia manual) e a crescente intensidade no esfregar das mãos (esteriotipias tipo Rett).
3º Estágio
Fase de estabilização clínica e de melhora do quadro autístico e de excelente contato visual da criança Rett. A escoliose poderá progredir rapidamente nesse estágio. Algumas crianças, nesse estágio, poderão obter melhoras quanto aos movimentos manuais. Incapacidade presente em sua marcha (não sabe mais levantar um pé, uma perna para subir um degrau de escada, atrapalha-se ao caminhar em aclives ou declives). Tem um tempo de reação muito retardado, muito longo para qualquer estímulo (visual, auditivo) e também para o planejamento mental de suas próprias ações. Demora muito a perceber e a agir. Tem problemas com a coordenação óculo manual. Quando os seus olhos estão fixados em um objeto, a mão é incapaz de alcançá-lo. Muitas vezes ela tem que desviar seus olhos do objeto antes de se sentir "capacitada" a alcançá-lo com seus braços. Tem um total ou quase total inabilidade de comunicação verbal. Não sabemos até que ponto sua compreensão (não verbal) é também afetada. O fato é que estas crianças têm um olhar muito expressivo e muito comunicativo. Excelente contato ocular (face a face) e elas exprimem, pelo olhar, diferentes emoções e estado de espírito: alegria, apreensão, surpresa, angústia, curiosidade, etc.
4º Estágio
É atingido se a criança passa a levar uma vida não ambulatória, ou com severas restrições à deambulação. É chamado de período de deterioração motora tardia. Elas poderão apresentar espásticas ou rígidas, com para ou tetraparesias. Este estágio é, via de regra, atingido aproximadamente à puberdade, mas isso não é regra geral, pois há meninas que o atingem em fases muito precoces e outras que, até onde vai a observação de sua evolução, não chegam propriamente a atingí-lo. Nesse estágio podem melhorar muito ao contato afetivo e quanto ao controle de crises convulsivas. Mas há agravamento da escoliose, das contraturas, das posturas viciosas, das tendência ao emagrecimento e ocorrem alterações tróficas e distúrbios circulatórios nos membros inferiores.
A reabilitação na SR é uma tarefa para uma vida inteira.
Por algum tempo, a SR continuará sendo um mistério biológico, até que descubram suas causas e sua prevenção primária.
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